quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A ARQUEÓLOGA VALDIRENE AMBIEL NA CRIPTA IMPERIAL

Fruto do extenso trabalho que envolveu 11 instituições dos três âmbitos de governo e mobilizou uma equipe liderada pela arqueóloga e historiadora Valdirene do Carmo Ambiel, os resultados iniciais, têm o fascínio de trazer o passado para os dias de hoje. O interesse despertado pela pesquisa também é sinal da onda de valorização da história que se nota no mundo todo, com um público global que parece ávido por saber um pouco mais sobre o que já foi um dia. Os estudos que a intrincada exumação incentiva devem ainda dar início a um processo de revisão e redescobrimento da história nacional. 

Dona Leopoldina, sua primeira mulher, sentiu na pele o lado passional de dom Pedro I. Dado a variações de humor, toda energia que ele tão facilmente depositava nas causas em que acreditava podia rapidamente se tornar agressividade. A imperatriz narrava em suas cartas a violência psicológica a que era submetida. Queixava-se do marido à irmã mais velha, Maria Luisa de Áustria, e a amigas como Maria Graham, sua educadora na infância. A correspondência mais reveladora, de 8 de dezembro de 1826, endereçada a Maria Luisa, fala de sofrimento e morte iminente – a imperatriz morreria três dias depois de ditar esta carta. “Há quatro anos, minha adorada mana, como a ti tenho escrito, por amor de um monstro sedutor me vejo reduzida ao estado de maior escravidão e totalmente esquecida pelo meu adorado Pedro”, desfia. Mais adiante, faz menção a um “horroroso atentado que será a causa de minha morte”.



Uma das revelações importantes dos restos exumados de dona Leopoldina foi a de que não havia sinais de fratura em seu fêmur. Essa informação, em tese, desmentiria o episódio da Quinta da Boa Vista. “É uma história de origem pouco conhecida, mas que foi repetida infinitamente e acabou sendo tratada como verdade”.Na Europa, tias e amigas de dona Leopoldina na Áustria espalharam a versão sobre a morte da imperatriz pelas cortes do continente. No Brasil, ela ganhou as páginas de jornais de oposição, como o republicano “O Repúblico”, que chegou a chamar dom Pedro I de monstro. Seria uma mancha imensa na história da família imperial, se é que a história é verdadeira. Mas os ossos intactos deram ânimo aos descendentes da monarquia. “Ele não era esse monstro”, rebate dom Antônio João Maria de Orléans e Bragança, 62 anos. “Está provado que não houve nenhuma agressão”, reforça dom Bertrand Maria de Orléans e Bragança e Wittelsbach, 72 anos, que autorizou as exumações, nas quais esteve presente um sacerdote. A pesquisadora responsável pelo estudo, porém, diz não ser possível fazer tal afirmação. “O que dá pra dizer é que ela não foi vítima de violência com força suficiente para quebrar um fêmur”.

Os ossos da imperatriz, no entanto, desfazem a imagem de que ela era rechonchuda. Quando a jovem Leopoldina chegou ao Brasil, aos 19 anos, era “pequena, muito branca e com cabelos de um loiro fosco”, segundo historiadores. Depois de algum tempo no Rio de Janeiro teria engordado, passando a ser descrita como “baixa e corpulenta”. Uma amiga que a visitou no Paço Imperial, a Baronesa de Monet, chegou a ser ferina no relato da silhueta da imperatriz: “Parece talhada numa peça só.” Mas os exames da ossada sugerem, segundo Valdirene, que ela era uma mulher magra. Talvez o fato de dona Leopoldina ter tido nove gestações durante os nove anos em que viveu no Brasil tenha contribuído para essa imagem de gordinha.



Matéria transcrita da Internet.

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